28.2.08

poemas que dormem na estante XV

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…

É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida…

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!

Mario Quintana no livro Melhores Poemas da Editora Global

Este poema na verdade dorme mais na lembrança que na estante, pois eu perdi este meu livro do Quintana num Congresso de Poesia no sul do Brasil. Acontece que hoje sentindo saudades, eu lembrei deste poema, e ao lembrar uma frase, encontrei ele por aí.

26.2.08

Minerando o passado III - Recortes do antigo Algumas Pegadas

desumano ser humano

não conquistamos nada
com nossa fome de progresso
involuímos na evolução
vivendo em pura ilusão
destruindo o que precisamos
construindo o supérfluo
dez dias de paz em uma ilha
e ao voltar ao centro da cidade
da capital faminta e apressada
vejo olhos perdidos correndo
eu
estou em outro ritmo
em paz comigo
caminho lento
falo pouco e observo
jeito de bicho do mato
quieto parado
observando camuflado
como este tal de ser humano é engraçado
com sua ira de conquistador
segue devastando a própria espécie

(Rodolfo Muanis, Janeiro de 2004)
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Me lembro que este foi escrito depois de voltar de uns 15 dias acampado no meio do mato na Ilha Grande. Êita vontade de me desligar da tomada e voltar a sentir cheiro de mato.

24.2.08

Minerando o passado II - Recortes do antigo Algumas Pegadas

algumas pegadas

todo mundo tem o direito de ser feliz
viver os seus momentos de paixão
eternizá-los em poemas

partir, voltar e ficar

eternidade
não é um transcorrer de infinito tempo

eternidade
é transformar em poemas a beleza de cada momento

viver
é somar eternidades

podemos ocultá-las se quisermos
enganar pessoas semeando mentiras
mas eu prefiro plantar as verdades
não negando os raros momentos
em que saboriei a felicidade

um dia talvez eu pare para sempre em algum lugar
guardando no peito e nos livros sorrisos e lágrimas

jamais esquecidos

quem então se sentiu ferido
por alguma palavra dita
entenderá o motivo desta vontade de caminhar
deixando sempre por aí

algumas pegadas

(Rodolfo Muanis, 5 de Dezembro de 2003)

22.2.08

Minerando o passado I - Recortes do antigo Algumas Pegadas

Algumas Pegadas era o nome do meu antigo blog, que existiu de Novembro de 2003 até Maio de 2006. Ele pode até ter desaparecido, porém ainda tenho um backup dele no meu micro e hoje navegando por ele descobri tantos versos antigos interessantes que vou aos poucos peneirar as pérolas que tem lá e trazê-las para cá. O primeiro que mando é este, um poema de um grande amigo que ele escreveu após um show de quando lancei o Acaso (livro de poesias) em 2003.

Um dia poeta
Ronaldo Filho

O silêncio da noite me incomoda
A caneta me convida para escrever
As palavras do poeta, ainda frescas em minha mente
Misturam-se com versos que surgem a todo instante
As palavras inquietas do poeta me fazem pensar
As palavras inquietas do poeta me fazem escrever
Então escrevo
Escrevo tudo que se passa pela minha cabeça
Escrevo sobre a vontade de um dia ser poeta
Poeta itinerante no corpo
Poeta itinerante na mente
Forasteiro procurando palavras
Forasteiro procurando gente
O silêncio da noite ainda incomoda
As pás do ventilador cortando o ar soam como as palavras do poeta
As palavras que cortam barreiras, ultrapassam fronteiras, transcendem limites
Limites,
Barreiras,
Fronteiras
Tudo isso para o poeta é besteira
O que há de ser dito será dito
E ele o fará num sussurro ou num grito
Um sussurro de leve, para quem está perto
Um grito no escuro que atinge o incerto
A vida do poeta é um recital
Versos soltos pelas horas
Versos presos em estrofes
Redondilhas maiores e menores
Acompanhadas de rimas de todos os tipos
As metáforas do poeta refletem em palavras pensamentos geniosos
Serei eu um dia poeta?
Ou estou condenado a viver como simples mortal
Tentando entender as metáforas expurgadas pelo ídolo que alimenta minha fome de escrever Serei eu um dia poeta?
Será ele um grande profeta?
Profeta da vida
Visionário do mundo
Acima de todos
Vivendo sem rumo
Vivendo para si
Vivendo para os versos
Arquitentando em palavras
O seu manifesto
Serei eu um dia poeta?

(Novembro de 2003)
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Pois é Ronaldo, eu é que te pergunto se seremos um dia poetas?

19.2.08

poemas que dormem na estante XIV

Coração Polar

1.
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.

Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastração
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.

Manuel Alegre pg. 191-192 do livro Poemas de Amor - Antologia de poesia portuguesa - Organização de Inês Pedrosa

8.2.08

Poesia de Bloco - parte VII - Final ou Inéditos X

Bateria – poema experimental sonoro nº 1

Pará pá pá. Tum tum.
Pará pá pá. Tum tum.
Pá pá pá. Pá pá pá. Pá pá pá pá pará pá pá.
Tum tum tum. Tum tum tum. Tum tum tum tum turu tum tum.
Pará pá pá...
Tum tum tic tum tum tic tum tum tic tum tum tic
Tum tum tic tum tum tic tum tum tic tum tum tic
Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.
Tá tá tic tá tá tic tá tá.
Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.
Tá tá tic tá tá tic tá tá.
Tá tá tic tá tá tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá tá
Tá tá tic tá tá tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá tá
Tá tá tic tá tá tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá tá
Tá tá tic tá tá tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá ta tic tá tá

Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.

Tum tum. Tá tá.
Tum tum. Tá tá.

Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.
Tá tá tic tá tá tic tá tá.
Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.
Tá tá tic tá tá tic tá tá.

Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.
Tum tum tic tá tá. Tic tum tum tic tá tá.
Tic tá tá tic tum tum. Tic tum tum tic tá tá.

Tum. Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum. Tum. Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum.Tum. Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum. Tum.


(Rodolfo Muanis, Fevereiro de 2008)

6.2.08

Poesia de Bloco - parte VI

E o carnaval se despediu em grande estilo com o desfile do Vagalume que subiu a Rua Pacheco Leão no Jardim Botânico até o Horto. A bateria estava afinadinha e uma verdadeira multidão veio pular ao som de marchinhas, sambas antigos e é claro, o Samba do Vagalume 2008 que segue abaixo.

SEJA BEM-VINDO DOM JOÃO! 200 ANOS DE USO CAPIÃO
Autores: Alexandre, Anderson, Peri, Hugo, Marcelo Ranter e Beto

Eu sou o Vagalume
Esse jardim sempre foi meu habitat
Quem contou essa história
Que hoje faz duzentos anos
Tá querendo me enganar

(Para de caô)
Para de caô
Que a minha luz
Ofusca a sua ganância
Onde há verde há esperança
Se tempo é posto
Esse aqui é o meu lugar

Sacode a poeira
Que hoje é carnaval
Relaxa e goza
Vem brincar no meu quintal

5.2.08

Poesia de Bloco - parte V

Ontem a boa foi o Bloco de Segunda que saiu da Cobal do Humaitá-Botafogo, descendo a Voluntários da Pátria, entrando na Martins Ferreira e voltando pela São Clemente. Muito bacana ver as duas principais ruas de Botafogo, tradicionalmente engarrafadas, invadidas pelos foliões. Carnaval é isso.

O Bloco contou com a bateria da Mocidade Independente Unidos do Santa Marta e mais os foliões agregados que chegaram com seu instrumento e foram recebidos com muita simpatia e se incorporaram a bateria. Meu tamborim estava por lá no tactitatactitatactitatacti....

O Bloco de Segunda é um dos principais responsáveis pelo processo de revitalização do Carnaval de Rua no Rio de Janeiro e este ano completou 20 anos com o Samba Enredo "Até parece que foi ontem".

Até Parece Que Foi Ontem - Bloco de Segunda 2008
Autores: Anderson Feife, Marco Gérard, Ricardo Mello e Tedinho Marino

Até parece que foi ontem
Já detonei o scud quem eu fui atrás
Sempre com um toque irreverente
Afinal se é de segunda é bom demais
A segunda intenção é a que fica
O que significa vou primeiro ali no bar
Pede mais uma pra depois
Da saideira na Cobal
O que eu quero
É ser feliz no carnaval

Bota fogo, vamos festejar!
Tomando um porre de alegria!
Um bloco de segunda vai passar
Incendeia bateria!

Vai e vem!
São 20 anos de amor pra dar
Em homenagem
Minha arara vai cantar
e convidar
Todo povo da cidade
Venham ter felicidade
E cair nesta folia

Sou de segunda
Corpo de vinte
Com o requinte
De viver na boemia
..........................................

A boa de hoje é o Bloco Vagalume que sobe a Pacheco Leão. A gente se vê ali atrás da Globo.

4.2.08

Poesia de Bloco - parte IV

Para saber toda a programação dos Blocos de Rua do Rio em 2008, vale visitar este site que descobri que me parece um dos mais completos.

http://www.samba-choro.com.br/carnaval/2008/pordata

Agora só fica em casa quem quer, pois é bem capaz de um bloco passar embaixo da sua janela.

Abraços!

3.2.08

Poesia de Bloco - parte III

Como já disse, ontem tamborizei no Barbas e hoje no Que Merda é Essa? ... seguem abaixo os sambas que alegraram os foliões ...

Bloco do Barbas - Samba 2 (2008)
Autores: Daniel Pereira, Jorgito Sapia e Cláudio Souza

No Barbas não tem apagão
Aqui não tem racionamento de alegria
Hoje, as águas vão rolar
Vem pro pipa mergulhar nessa folia

Meu bloco, pede passagem
Aproveita e pede vale refeição
Estamos no país das maravilhas
Da sacanagem e do samba do avião

"Tamo" na pista, tá grande a confusão
Tem turbinada, bicho feio e garotão
Quem tá pegado, barbas de molho
Fica ligado, que a patroa tá de olho

"Nelsinho ... abre logo esta torneira
Que a mulherada
Quer um banho de mangeuira
Libera o chope, pra galera se animar
Relaxa e goza pra esse bloco decolar

"Daquilo que o rei do petróleo ouviu das entranhas del Rei de Espanha" ou "Capitão Nascimento, relaxa que é Carnaval" - Bloco Que Merda é Essa? (2008)
Autores: Roni Volk, Gabriel da Mocidade, Bisqui da Fatinha e Mestre Nevada

"Tu é muleque! Muleque!"
É ACM esculachando o Belzebu!
O nosso samba, antes que reclames
Não é pra ti, ó Piovanni

Fraude no xixi é treta, Rebeca!
Romário escondendo a careca!
Mas se tomar o café do Dodó
Obina é melhor que o Eto'o

Boi-da-cara-preta na fazenda do Renan
Bota o Senado na cadeia ou no divã!
Água sanitária no leitinho das crianças
CPMF já virou lembrança!

?Por qué no te callas?
É que eu canto à beça!
A gente se resolve é na conversa!
Mas uma pergunta nunca falha:
Que merda é essa?!
...................................
Amanhã tem Bloco de Segunda e na terça Vagalume

Poesia de Bloco - parte II

Detalhe à parte do Carnaval de Rua do Rio, o Carnaval dos Blocos, é a irreverência dos sambas enredos de cada um eles, uns brincam com a cidade, com a política, com os acontecimentos marcantes dos últimos tempos, ou até negam tudo isso, e brincam com a própria brincadeira.

Abaixo temos bons exemplos desta irreverência, primeiro o samba do Cutucanoatrás de 2008, depois um dos dois sambas que puxaram o Barbas este ano.

Nossa Samba é de Raiz
(Cutucanoatrás 2008)
http://www.cutucanoatras.com.br

Aipim mandioca é
Rabanete não dá no pé 2X

Do Leme sai o Cutucano Atrás
Cambaleando, indo no rumo do bar (do bar)
E a galera veio por que quis
Prestigiar nosso Samba de Raiz ÔôÔô

Quando enterrou
Sua semente que será tuberculô (culô)
A loira é morena, eu já sabia
Se fosse ela, a raiz eu pintaria

Sua batata tá assando
A gabiroba vou quebrar
Se a muda já é planta
Quem sabe um dia ela possa falar 2X

Fui à feira
Provar o nabo de Iaiá
Macaxeira
Fuma e bebe sem parar
Prateleiras
Do hortifruti vou me esbaldar

Cutucano, ninho do samba
Cenoura faz bem pra visão
Coelho míope não tem não
Da escola levei quase nada
De quatro, dois é raiz
Sou Cutucano, sou feliz


Bloco do Barbas - Samba 1 (2008)
Autores: Noca da Portela, Chico Salles, Roberto Medronho e Roberto Serrão

Vem comigo, quem quiser
Seja homem, ou mulher
A alegria é geral, é!
No barbas nesse carnaval

Aqui não tem apagão
Com o meu chope na mão
Estou ligado nesse avião
Eu trago a ginga no pé
E no meu samba a fé
Está em festa o meu coração
Carnaval, verão e liberdade
É um banho de felicidade

Um outro beijo, eu quero
Um outro aperto, eu dou
E nesse amasso, espero
Provar do seu sabor

Vem...

Poesia de Bloco - parte I

Tudo (re)começou quando os cariocas perceberam que já não fazia sentido viajar no carnaval com o trânsito cada vez mais caótico nas estradas, principalmente para a Região dos Lagos, tradicional fuga da maioria das famílias nesta época; e que também era inviável ficar curtindo carnaval de turista na Apoteose pagando uma grana abusrda por uma fantasia. A solução foi literalmente colocar o bloco na rua.

E assim foram surgindo surdos, caixas, repiques, tamborins, compositores fazendo samba, amigos se reunindo em bares e esquinas. O povo foi ficando pelo Rio, criando um carnaval de rua democrático, sem exclusão, sem cordões etc. A coisa cresceu tanto que o Carnaval de Rua do Rio, ou o Carnaval dos Blocos como alguns preferem, hoje atrai gente do mundo inteiro e muitos brasileiros de outros estados que vêm participar com muita alegria desta festa gratuita que tem a alma e o espírito do carioca.

E como eu também não poderia ficar de fora desta festa, tenho batucado meu tamborim pelos blocos da cidade. No pré-carnaval abri os trabalhos completando a bateria do Cutucanoatrás no primeiro sábado antes do carnaval. Já neste sábado de carnaval toquei no Barbas em Botafogo, Domingo no Que Merda é Essa? em Ipanema, amanhã (segunda) toco no Bloco de Segunda na Cobal do Humaitá e na terça encerro os trabalhos tocando no Bloco Vagalume no Horto-Jardim Botânico que subirá a Rua Pacheco Leão.

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, já diz o ditado. Então apareça.

1.2.08

poemas que dormem na estante XIII

Carnaval

Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá-se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é o meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Venus!

Manuel Bandeira no livro Estrela da Vida Inteira pg. 79-81

E um feliz Carnaval para todos!