28.11.07

poemas que dormem na estante VI

# 38

eu respondi a ele
brother,

durante o terremoto da semana passada
eu estava me apaixonando

pelo meu futuro
e me apaixonando pelo futuro de todo mundo aqui

o mundo invisível apartentemente desabava
todos os nossos brinquedos partidos
as pedras delatoras entregando umas às outras
muita gente correu

eu estava me apaixonando durante o terremoto da semana passada

ou fosse apenas o delírio desse remanejamento oculto
que a gravidade da lua exerce
ou fosse a irresistível fração do próprio encalço desmentido
que delatava uma nova verdade agora

durante o terremoto da semana passada eu estava me apaixonando

Márcio Campos no livro Manutenção Planejada,

pág. 56, Editora 7 Letras.

Relembrei deste poema, pois a terra tremeu aqui dentro esta semana.

22.11.07

inéditos V

Apagando minha pegada ecológica

Estima-se que uma pessoa
produza anualmente
22 toneladas de CO2.

Estima-se também
que cinco árvores plantadas
neutralizam uma tonelada
de CO2 por ano.

Sendo assim, a cada ano
cada um deveria plantar
110 árvores para estar
em dia com o planeta.

E eu, aos 29 anos de idade
estou numa dívida de
3190 árvores com a Terra.

É pegar uma pá e sair por aí.

(Rodolfo Muanis - Novembro de 2007)
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Dados obtidos em http://www.carbononeutro.com.br/

17.11.07

DALCROZE, Emile Jacques. Rhythm, Music and Education. Londres, 1921.

As características do ritmo são a continuidade e a repetição. Toda manifestação motora, isolada no tempo, apresenta um aspecto emocional excepcional e momentâneo, que se perde no momento em que é repetido para formar parte de um todo contínuo evoluindo, ao mesmo tempo, no tempo e no espaço. Os dois elementos fundamentais do ritmo, o espaço e o tempo, são inseparáveis. Em certas artes, um ou outro desses elementos pode ser predominante: na música, e na arte suprema – a vida –, eles são indissolúveis e de igual importância.
(DALCROZE apud READ, 2001, p. 71)

no livro A Educação pela Arte de Herbert Read

15.11.07

inéditos IV

Sobre saber ser feliz por dentro

O dia era de chuva.
De feia e fria ventania.
De ruas molhadas, empoçadas e vazias.
De virar o guarda-chuva
dos raros que ousavam caminhar.

Dia bom pra ficar em casa
batendo tambor para o sol
lendo um bom livro.

Esperando o cinza passar
e o azul novamente pintar.

Mas mãe e filha brincavam
alegres e descontraídas
fazendo do dia regador
para a palavra vida.

O sol pode estar dentro de nós.

(Rodolfo Muanis - Novembro de 2007)