17.6.08

inéditos XXI

Voltando a falar sobre a mentira ....

Brado de um poeta decepcionado

E como mentem
comumente
diariamente

chegam a criticar
aquilo que também fazem
deslavadamente

com seus títulos acadêmicos
colonialmente
com seus postos de doutor
mascarando suas incompetências
evidentemente aparentes
perante a vida.

Se escondem
por dentro de um terno
de uma gravata colorida
de uma roupa bonita
de um cabelo pintado
com tintas de mercado.

Forçam até mesmo
ao mais honesto
a mentir também
fingir que está tudo bem.

E de tanto mentir
a verdade
já foi esquecida.

Já te pedem
num olhar de cego
que a falsidade
seja mantida.

E sentam-se a mesa
mentem.
Trepam com suas esposas
mentem.
Trepam com suas amantes
mentem.
Com ambas
mal e porcamente.

Isso se é que ainda trepam
realmente.

Trabalham
8, 10, 12, 14, 18, 20, 22,
24 horas por dia mentem.

Passam a vida mentindo
e nos domingos de sol
sorrindo.

E eu
de saco cheio
de tanta mentira
de tanta hipocrisia

escrevo no poema
a verdade
já que por aí
ela está proibida.

17 de junho de 2008.