18.8.08

O dia em que quase morri (IV)

Cena 4

- sente as pernas, movimenta os braços?

- tudo ok. só dói aqui no peito,
- lado esquerdo
- não consigo respirar

me imobilizam todo

1, 2, 3

me colocam na maca
sinto os ossos soltos por dentro
me colocam na ambulância.
me dão uma máscara com oxigênio

a porta se fecha,
mas a ambulância não sai
pessoas discutem lá fora
a porta se abre
uma pessoa entra e fala:

- guarda meu nome
- Sargento Alves
- do Corpo de Bombeiros de Cabo Frio
- eu vinha atrás de você na estrada
- eu vi tudo. prendi o cara lá na frente

ele me entrega um papel
com nome e telefone
e coloca no meu bolso

ele sai
a porta se fecha,
mas a ambulância não sai

a dor é forte, o ar e pouco, a agonia imensa

a porta se abre e alguém grita:
- me perdoa! me perdoa!

faço sinal de positivo
eu só quero ficar vivo

a porta se fecha
a ambulância começa a andar
a cada sacolejo muita dor