28.8.08

inéditos XXII

vazio

nenhuma palavra
ou melhor
apenas uma
(eita)
no peito uma dor

suave dor
brisa na espinha

o dia segue
é preciso sorrir
fingir que tudo está bem

ir para a aula
conversar em família
ler teorias

na noite penso nela
seguro os dedos
para não ligar

sinto-a bem

forte e sorrindo
sinto o seu brilho
de longe, distante

não sou dele o motivo

já fui

revejo nossas fotos
nelas há felicidade
que num belo momento
se dissipou, e em mim

virou saudade

não sei
onde guardar meu amor
dolorido e machucado
pelo silêncio

nunca mais cartas
nunca mais mensagens
nunca mais ela sorrindo
me chamando de moço lindo

fiquei mal acostumado
com teu tom de desejo
de paixão embalando o peito

ela não me quer mais
e isso dói fundo
pois o amor ainda é muito

mas

sinto-a bem

forte e sorrindo
sinto o seu brilho
de longe, distante

não sou dele o motivo

irei me curar

entre batuques
esta cidade
e o mar

amanhã cedo
começo a renascer