23.12.07

inéditos VIII

Ela e a Poesia

E a poesia que fora tão rara durante todo o ano reapareceu. Sorriu para mim numa mensagem. Trocamos livros e viramos novamente amigos. Ou melhor, sempre fomos amigos. Amigos não se fazem, os reconhecemos dizia Vinícius. Mas era mais que amizade. Havia fogo e desejo onde pousava o olhar. Ela que planta rosas em folhas em branco e sonha com planetas distantes onde mora o pequeno príncipe. Ela que sabe os segredos do deserto escritos nas asas de borboletas e lavadeiras. Ela que aquarela a beleza do mundo em traços e cores para o papel. Ela que num toque de fada, no girar de sua varinha, conserta o coração do poeta e faz a engrenagem novamente rodar. Ela que tem brilho nos olhos e paixão nos lábios. Ela que na delicadeza dos abraços, das mãos escorrendo rios pela pele, ferve por dentro o sentimento. Ela que sabe ser mãe, arriscando novas formas de amar, de cuidar, proteger dando liberdade para voar os pássaros engaiolados. Ela que tem um tom lindo quando é cor, delicioso quando é som. O sorriso, a fala, são vento soprando as brasas do meu peito. Ela que prosa minha poesia. Ela que é mar e cachoeira, pedal e motor. Ela que sentencia ser muito além das quatro as definições para o amor. Ela que agora é sonho, presente e alegria. Ela que me faz entender o porquê de ser poesia.

madrugada de 23 de dezembro de 2007

(Rodolfo Muanis - Dezembro de 2007)