11.6.07

inéditos II

Para Jacque num cair de tarde fria

Era uma cidade meio vila.
Ruas de areia, de pedra, algum asfalto.
Era um café, meio buteco, meio bar.

Uns quadros de artistas populares,
algumas antiguidades,
vinhos importados, nacionais,
boas cachaças, e cerveja em garrafa.

Um pão com lingüiça divino.

Era uma tarde daquelas frias
onde até a chuva que caía
durante todo o dia
já parecia meio cansada.

E ela entrou leve igual a brisa
que passa de fininho
pela fresta da porta
pelo buraco da janela

Sentou-se na mesa em frente
pediu um café, acendeu um cigarro
e eu (ou melhor meu coração) já era.

Não deu nem pra entender
explicar, talvez descrever...

Os cabelos negros,
na ponta meio vermelhos,
a pele nevada, um cóqui,
um vestido florido,
uma blusa de lã, havaianas
e um livro do Balzac.

Dois olhares.
Dois sorrisos.

Apaixonados.

(Rodolfo Muanis - Junho de 2007)