INVENTO
Vitor Ramil
Vento
Quem vem das esquinas
E ruas vazias
De um céu interior
Alma
De flores quebradas
Cortinas rasgadas
Papéis sem valor
Vento
Que varre os segundos
Prum canto do mundo
Que fundo não tem
Leva
Um beijo perdido
Um verso bandido
Um sonho refém
Que eu não possa ler, nem desejar
Que eu não possa imaginar
Oh, vento que vem
Pode passar
Inventa fora de mim
Outro lugar
Vento
Que dança nas praças
Que quebra as vidraças
Do interior
Alma
Que arrasta correntes
Que força os batentes
Que zomba da dor
Vento
Que joga na mala
Os móveis da sala
E a sala também
Leva
Um beijo bandido
Um verso perdido
Um sonho refém
Que eu não possa ler, nem desejar
Que eu não possa imaginar
Oh, vento que vem
Pode passar
Inventa fora de mim
Outro lugar
Vitor Ramil e Marcos Suzano no disco Satolep Sambatown
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Dia cinza
frio e chuva
pedalei
passei a Baía
pouso de lindo poema
passei o Aterro
chão do primeiro tombo
passei a Marina
morada de antigos sonhos
passei o MAM
residência do silêncio
cheguei ao aeroporto
na rampa aviões decolavam
pássaros de ferro desafiando a tempestade
e voltei
uma água de coco
uma canção sobre o vento
que soprou aqui por dentro
Dolfo, 21 de Setembro de 2008.