31.3.08

inéditos XIV

Brejo da Cruz

Porque nela
a emoção me invade
ao olhar a cidade
e ver muitos homens
com seus dias duros
sua vidas sofridas
e me lembrar
que um dia foram todos
meninos

correndo pelo Brejo da Cruz
se alimentando de luz

Ao ouví-la
retomo a vontade adolescente
de mudar o mundo
de fazer dos meus atos
sementes de dias melhores
para que não endureçam
os corações dos homens
e estes não se esqueçam
que eram meninos

correndo pelo Brejo da Cruz
se alimentando de luz


(Rodolfo Muanis, Dezembro de 2006)
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A história deste poema é a seguinte. Aconteceu uma promoção do jornal O Globo, na qual alguns leitores que respondessem à pergunta: Qual é a música do Chico Buarque que você mais gosta? e Por quê? ganhavam um par de ingressos para o show de estréia da turnê Carioca do Chico Buarque no Canecão aqui no Rio de Janeiro. E com o poema acima eu fui um dos felizardos a ganhar o brinde. Tem horas que a poesia serve para alguma coisa né. : ) É que hoje dando uma organizada nas coisas por aqui achei este poema e resolvi publicá-lo.

14.3.08

poemas que dormem na estante XVII

Versos para a Patrícia

1. Ilha

Tenho a sede das ilhas
e esquece-me ser terra

Meu amor, aconchega-me
meu amor, mareja-me

Depois, não
me ensines a estrada.

A intenção da água é o mar
a intenção de mim és tu.

Mia Couto, no livro Raiz de Orvalho e Outros Poemas, pg. 90, Editora Caminho.

12.3.08

inéditos XII

Pouso por instrumentos

Iluminado
apenas pelo risco da lua
me arrisco
na busca dos teus contornos.

Se aparece uma estrela
ela logo me pede um pedido
e no silêncio da noite recito
palavras de amor para nós dois.

Sigo na penumbra
buscando as pétalas nuas
as mãos suaves são duas voyagers
a desvendar teus universos.

E logo o firmamento todo se abre
clareando os meus caminhos.

Então disparo desejos
para todas as luzes que vejo
e aterrizo meu corpo com os lábios
bem no centro dos teus beijos.

(Rodolfo Muanis, Janeiro de 2008)

8.3.08

poemas que dormem na estante XVI

singela homenagem para todos os dias

mágicas e delicadas
as curvas, os perfumes, os sorrisos
repletas de azul, verde, vermelho, branco, amarelo
florescendo vida em seus ventres maternos

dos seus seios brota o leite
que dará força aos filhos, filhas e homens

sem o poder de suas varinhas
seríamos apenas nada

só as mulheres podem ser fadas


Rodolfo Muanis, no Livro, Poetas do Brasil Vol. 5 - pg. 242
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Este poema, dedicado a estas criaturas mágicas que são as mulheres é a minha homenagem às flores que merecem de nós todos os dias deste planeta. Foi publicado na Antologia Poetas do Brasil - Vol. 5 de 2007, que reúne diversos poetas que participam do Congresso Brasileiro de Poesia que acontece todo ano na cidade de Bento Gonçalves no sul do Brasil. Eu estou lá com alguns versos inéditos.

Ainda tenho alguns exemplares comigo deste livro belíssimo. Os interessados mandem um e-mail que fazemos negócios.

Abraços!

1.3.08

inéditos XI

Poesia do Olhar
para Sérgio Fonseca e os 443 anos deste Rio de Janeiro

Uma cidade se faz bela
pelos seus poetas.

Estes seres invisíveis
que a atravessam durante o dia ou a noite
e paralizam os momentos mais singelos
do nascer do sol ao anoitecer.

É preciso andar por aí
deixando a cidade
penetrar por dentro de si.

E sem vergonha
sacar a caneta
a máquina fotográfica
o violão.

e arriscar o poema
a fotografia, a canção.

Esquecer do tempo
entre Boêmias no Rio Minho
saboreando os quitutes de nossa baía
e usar a grana do mercado
apenas para mais uma bela foto
em seus vitrais espelhados.

De dentro do carro,
do alto dos mirantes,
ou no meio da avenida,
eternizar a poesia.

Depois é preciso celebrar.
Compartilhar a beleza da cidade
com a humanidade apressada
pedindo calma sem dizer uma só palavra.

Calma para ser feliz.

Para admirar este monumento
feito de matas, montanhas, areias, mar
e gente herdeira da simpatia e do fazer sorrir
de nossos ancestrais tupi-guaranis.

(Rodolfo Muanis, 1º de março de 2007)

Este é dedicado ao nosso querido Rio de Janeiro e ao amigo Sérgio Fonseca que em seu www.papeldepao.com.br também rendeu belíssima homenagem à cidade.